Oração de quem escreve
Antes de escrever, faço essa oração:
Quero ser invisível aos olhos do insensato. Aquela gente que só repete e
não reflete.
Que minhas palavras sejam expressões e não armas contra mim mesma,
nem contra o outro. Não quero assassinatos com minha escrita, só quero aliviar
a alma, só quero expor o que eu sinto, o que calo, o que espalho.
Que não ajunte sobre mim o peso da má interpretação, nem dos sentimentos, nem
dos meus textos, menos ainda dos meus pensamentos soltos. Que as múltiplas possibilidades sejam as primeiras a se
apresentar e que, a identidade verdadeira se
apresente, sem precisar explicar.
Que cada um consiga retirar do que escrevo,
aquilo que necessita para si. E se não conseguir, que respeite quem conseguiu.
Que não entendam cada linha, uma autobiografia do autor, mas que absorvam o dna
dele, contido em cada cenário descrito, como o criador ou escondido nas entrelinhas.
Que espalhem pela rede minhas escritas, mas que
digam que são minhas e não usurpem minhas palavras, como se fossem delas. Que não matem minha expressão, dizendo que não me pertencia.
Que as palavras que de mim saem derrubem o que já deveria ter caído, e que construa o que pode ser absolvido. Que mantenha o que é base.
Que não falte inspiração.
Que não falte dor, que sobre amor e que mais que livros, eu produza afetos.
Pois um conjunto de belas palavras não são
suficientes para construir um bom texto.
É preciso dizer algo. Que vai além de escrever.
Eu digo inferno, mas queria mesmo era ler céu.
Já dizia J. Castro. Queria dizer isso também.
Amém.
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