Ensaio da visão
Fechei os olhos para poder enxergar melhor. Aquele som que vinha de dentro queria me levar ao lugar que outrora só consegui ver de longe e mesmo assim, já me fascinava. Senti como se todas as escamas do meu corpo estivessem caindo... foram anos e anos assim. Sentia um pouco de frio por estar exposta, mas a nudez me deixava estranhamente confortável.
Me cobri levemente com os braços. Comecei a lembrar de como e em que momento aquelas escamas surgiram. Senti uma leve falta de ar, meu fôlego falhou. Era como se eu mesma quisesse me dizer algo mas não podia falhar. Não precisava. Aquela respiração já dizia tudo.
De repente comecei perceber que minhas costas estavam formigando, passei as mãos e senti que alguma coisa queria romper minha pele. Gritei, primeiro de susto, depois de dor. Foi insuportável! Eu estava sozinha, acompanhada apenas pela metamorfose, não adianta gritar.
Era meu fim, eu pensava. E era mesmo. Eu morri, e aquela canção embalou minha morte várias e várias vezes. Era um ritual fúnebre para um cadáver cansado, ferido e muito velho. Quando acordei da minha morte, eu tinha asas. É o começo de um novo fim.
Chega de Lagarta.
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