Toda história inacabada é eterna
Senti o pesar como uma nuvem negra perseguindo a tempestade. Embora assim fosse, a chuva dos meus olhos caíram com muita delicadeza - há muito tempo não sentia uma tristeza tão bonita. Era saudade banhada com o mais fino dos argumentos, salpicada com pensamentos que variavam entre momentos de lucidez e constatações fatalistas. Desde então, não tenho a quem recorrer além do meu fone de ouvido e algumas lembranças que já começaram a falhar com o tempo.
Não há lugar de sossego para o arrependimento, não há um único fio que o traga de volta para mim. Usei uma tesoura tão afiada quanto nossa conexão costumava ser. Penso: pelo menos, a vida está seguindo. O que não impede de me sentir triste exatamente por isso.
Essa sou eu tentando equilibrar o que não tem equilíbrio - ainda sinto muito - misto de intensidade e lamento por não ter a nossa ilusão disponível no meu radar.
Percebi, tarde, que lia minha alma antes de ler minhas intenções, não importava o que eu dizia ao contrário, e por isso eu sei que escutou o que eu não precisei dizer. Mas não entendeu. E eu entendo.
Era cedo, mas há tempos ando atrasada. Eu não tinha como esperar o ajuste dos ponteiros. Nestes casos, será cedo sempre e é isso que me consola. Mas é inegável o cheiro de eternidade que nossas almas simulavam enquanto o tempo te roubava da minha presença.
Para mim, a eternidade é sempre pouco, eu sempre desejo ir além.
Embora isso tudo pareça raro, eu sinto muito que só possa sentir assim - longe.
Embora longe, eu sinto muito perto - ainda. E será assim por um bom tempo.
Toda história inacabada é eterna.
É por isso que eu jamais disse adeus.
Mas não vou voltar.
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